Declaração de Princípios |
17-Sep-2008 | |
Razões
de luta
A UDP, nascida nas jornadas populares de 1974/75, luta pelo socialismo. Um sistema político de real participação popular só é possível na base de uma maioria social de apoio e de um novo regime económico-social. Esse regime tem como características essenciais: a) A socialização da banca, dos principais meios de produção da indústria, da água, dos recursos energéticos e do agro-mar, bem como a promoção de bens e serviços públicos de qualidade. O poder popular edifica-se como democracia integral, como a conquista da democracia pelos trabalhadores e por outras camadas do povo marginalizadas pelo capitalismo. O poder popular assume como princípios básicos:
A conquista do socialismo e do poder popular enfrentará a resistência do imperialismo global e das camadas burguesas dependentes da oligarquia financeira transnacional. É um processo que assenta no movimento popular e no seu desenvolvimento até formas superiores de luta. A revolução social e política será obra da força do povo. O seu desenvolvimento e a eclosão de vagas de luta popular estão hoje muito interdependentes da luta dos outros povos europeus e das crises políticas no seio da União Europeia, super-estado imperialista que integrou Portugal. As aspirações dos povos ao pão, paz, liberdade, independência e solidariedade dos explorados e oprimidos serão plena realidade no socialismo, transição para uma sociedade sem classes.
Quando, há um século e meio, o movimento operário tomou a divisa do Manifesto Comunista "Proletários de todos os países: uni-vos!" o alvo de uma sociedade justa deixou de ser um sonho e tornou-se uma perspectiva realizável. Aqueles que nada mais tinham, a não ser a sua força de trabalho, tomavam consciência que a divergência de interesses com o Capital só se resolveria pela revolução social, a apropriação colectiva dos meios de produção fundamentais. O proletariado tomava consciência de que a história da luta de classes, ao indicar-lhe a tarefa de suprimir a concorrência entre as pessoas com base na propriedade privada dos meios de produção, levá-lo-ia a suprimir por completo a divisão social baseada em classes. A humanidade podia atingir a liberdade. Ao mesmo tempo, o proletariado trazia uma nova inteligência à vida da humanidade: a compreensão de que as contradições em movimento, na sociedade e na natureza, se regem por leis comuns. Esta concepção unitária da dialéctica do mundo material está aberta ao conhecimento progressivo da realidade e reúne no mesmo carril a libertação do Trabalho e da Ciência. Apetrechado por esta teoria que designou, de acordo com o pensamento de Karl Marx, por materialismo histórico e dialéctico, o proletariado podia dizer então: "temos um mundo a ganhar, nada temos a perder senão as nossas cadeias!". Esta teoria, enriquecida com a análise de Lénine do capitalismo dos monopólios e com o estudo da globalização, fase recente do imperialismo mais agressivo, é uma ideologia de libertação. A ideologia de classe que defendemos nada tem em comum com o reformismo que procura apenas limitar os efeitos extremos do capitalismo, designadamente a pobreza absoluta e as agressões ambientais, mas sem uma alteração radical da sociedade. Também nada tem em comum com experiências socialistas que, tendo conquistado formidáveis vitórias para o proletariado e os povos, degeneraram em regimes de estagnação e repressão, com uma nova burguesia burocrática no poder. A ideologia do socialismo é um guia para a acção e uma atitude de procura científica constante.
A UDP organiza-se como associação política e insere-se na acção mundial dos povos pela libertação nacional e social. A UDP é uma associação política de natureza comunista onde, voluntariamente, actuam homens e mulheres que procuram interagir com as posições mais avançada dos trabalhadores, da intelectualidade, dos pequenos proprietários dos meios rurais e urbanos, da juventude estudantil. A UDP organiza a união voluntária dos seus membros estruturando-se democraticamente, assegurando a coesão ideológica e política, compreendendo que a disciplina comum de acção dirigida a partir de um centro único só tem vitalidade pela liberdade de opinião nos colectivos, assembleias e edições, onde predomina a regra democrática e a eleição geral e secreta para todos os cargos. A UDP é uma associação internacionalista que pugna pela estreita união com organizações e movimentos que lutam contra o capital e o imperialismo, em particular com aquelas e aqueles que defendem e aplicam a ideologia emancipadora dos trabalhadores e trabalhadoras. A UDP é herdeira e continuadora das tradições operárias e populares, no mundo e no país, na luta anticapitalista e no que houve de mais positivo na construção da nova sociedade socialista e configura-se como uma associação política revolucionária aberta ao progresso e ao nosso tempo. A UDP é uma associação cuja acção e comportamento procura seguir a imortal divisa do Padre Max: "Servir o povo e nunca se servir dele". Declaração de Princípios aprovada pela Conferência Nacional Fundadora da Associação Política UDP, realizada a 2 e 3 de Abril de 2005 em Lisboa |